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cr.: Bruno Borsari. |
O que começou como um hobby de infância transformou-se em um negócio próspero e sustentável nas profundezas da Amazônia brasileira. Bruno Borsari, empreendedor curitibano e apresentador do programa "Alma de Gigante" do canal Fish TV, encontrou na pesca esportiva não apenas uma paixão pessoal, mas uma oportunidade de negócio que alia preservação ambiental e desenvolvimento econômico para comunidades locais. A ideia de transformar a pesca em negócio surgiu durante uma viagem a Barcelos, no Amazonas, um reduto para pescadores devido à sua natureza exuberante e rios repletos de espécies de peixes gigantes.
A história de Bruno com a pesca começou ainda na infância, durante expedições familiares no Pantanal, onde acompanhava seus pais e irmãos em viagens de pescaria durante as férias escolares. Apesar de um afastamento temporário da atividade durante a adolescência e início da vida adulta, quando se dedicou às artes marciais e abriu sua própria academia após se formar em educação física, o chamado das águas permaneceu latente. Aos 25 anos, ao encontrar na internet informações sobre um hotel em que costumava se hospedar com seu pai durante suas viagens ao Pantanal, Bruno decidiu retomar seu antigo hobby, despertando uma paixão adormecida que logo se transformaria em seu meio de vida.
Ali, Bruno percebeu uma oportunidade de mercado ainda pouco explorada: a pesca esportiva voltada para entusiastas que buscavam experiências autênticas na Amazônia. "Percebi que a pesca ali era abundante, mas pouco voltada aos apaixonados pelo esporte. Havia uma grande oportunidade", conta o empreendedor. Ao compartilhar fotos e vídeos de suas experiências nas redes sociais, seus perfis ganharam visibilidade, tornando-se vitrines de um estilo de vida que hoje atrai seguidores de todo o mundo – mais de 160 mil pessoas acompanham suas aventuras online.
O primeiro passo concreto para empreender no ramo veio em 2018, com a compra de um barco e o início da operação Poraquê, que oferece expedições de pesca para entusiastas que o acompanhavam pelas redes sociais. Hoje, seis anos depois, o negócio está consolidado, com um barco-hotel equipado com 8 suítes, refeitório e toda a infraestrutura necessária para garantir conforto aos pescadores. "Estamos com a agenda lotada para as próximas três temporadas, que na Amazônia vai de agosto a março. É hoje um negócio lucrativo e bem-sucedido, e pessoas de todo o mundo vêm pescar no Poraquê", afirma Borsari, que atualmente comanda a operação à distância de São Paulo, liderando uma equipe de guias e auxiliares técnicos em Barcelos.
O modelo de negócio desenvolvido por Bruno vai além do simples turismo de pesca. Ele representa uma forma de utilização sustentável dos recursos naturais amazônicos, onde o peixe não é visto como produto a ser extraído e consumido, mas como um ativo permanente que gera valor continuamente através da experiência proporcionada aos visitantes. Na pesca esportiva, a prática do "pesque e solte" é fundamental, garantindo que os estoques pesqueiros se mantenham saudáveis e que a atividade possa continuar indefinidamente, diferentemente da pesca predatória que esgota recursos e compromete o futuro das comunidades ribeirinhas.
Além do impacto ambiental positivo, o empreendimento gera empregos e renda para moradores locais, que atuam como guias, auxiliares, cozinheiros e prestadores de serviços diversos. O conhecimento tradicional dessas comunidades sobre os rios, as espécies de peixes e seus hábitats é valorizado e remunerado, criando uma relação de respeito mútuo e colaboração. Quando comunidades tradicionais percebem que a preservação dos recursos naturais pode ser mais lucrativa que sua exploração predatória, cria-se naturalmente um incentivo econômico para a conservação.
Para empreendedores que desejam seguir caminho semelhante, Bruno compartilha algumas lições aprendidas ao longo de sua jornada. "Estamos falando de experiência, um investimento e uma viagem aguardada por cada um dos envolvidos. É essencial entregar o melhor, de refeições às acomodações. Isso garante a fidelização", aconselha. Ele também destaca a importância de ter uma equipe coesa e tecnicamente capacitada: "Reconhecer que não sei de tudo é o primeiro passo. Preciso estar cercado de pessoas boas, tecnicamente experientes e com conhecimento prático". Por fim, recomenda atenção especial ao relacionamento com as comunidades locais: "É preciso fazer as conexões certas. No final, tudo se resume a pessoas".
O caso de Bruno Borsari exemplifica como o empreendedorismo pode ser uma poderosa ferramenta de transformação socioambiental quando alinhado a princípios de sustentabilidade e respeito às comunidades locais. Na Amazônia, região de inestimável valor ecológico e cultural, iniciativas como esta demonstram que é possível conciliar desenvolvimento econômico e preservação ambiental, criando modelos de negócio que beneficiam simultaneamente empreendedores, comunidades locais e o meio ambiente. Este tipo de abordagem representa um caminho promissor para o futuro da região, onde a floresta em pé e os rios preservados valem mais do que sua exploração predatória.
Fonte: ParaWebNews; Texto: Lua F.