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A realização da COP30 em Belém transcende o significado de um encontro político, representando um ponto de inflexão na trajetória econômica do Pará, com impactos estruturais que prometem redesenhar o cenário de desenvolvimento regional. O estado se projeta na vitrine global como protagonista da agenda climática, da bioeconomia e dos investimentos verdes, com efeitos que se estendem muito além do curto prazo do evento.
Um dos legados imediatos é a aceleração dos investimentos em infraestrutura. A exigência de um cronograma rígido e de um padrão internacional de qualidade imposto pela COP30 funciona como um gatilho para destravar financiamentos e priorizar projetos de mobilidade urbana, requalificação de vias, ampliação da rede hoteleira e modernização do serviço público. Esse movimento se traduz em melhorias permanentes no saneamento, na organização urbana e na logística de Belém e municípios estratégicos, beneficiando diretamente a população e o ambiente de negócios.
Outro efeito econômico de grande relevância é o salto no turismo. A exposição inédita de Belém ao mundo, com a presença de milhares de visitantes estrangeiros, empresários e jornalistas, consolida o turismo internacional como uma indústria de peso no Produto Interno Bruto (PIB) estadual. Após a conferência, a expectativa é que destinos como Alter do Chão, Ilha do Marajó e Tapajós sejam redescobertos por mercados internacionais, gerando um efeito multiplicador que estimula a gastronomia, o artesanato, a cultura e os serviços especializados.
Contudo, o legado mais profundo e duradouro reside na transformação da matriz produtiva. A COP30 ocorre em um momento em que o mundo busca novos polos de bioeconomia e energia limpa, e o Pará se reposiciona como um território de inovação climática. Investidores internacionais, fundos de impacto e empresas de tecnologia verde voltam seus olhos para a Amazônia, abrindo portas para cadeias produtivas de alto valor agregado, como biotecnologia, fármacos naturais, bioinsumos, manejo sustentável e rastreabilidade ambiental.
O fortalecimento do ambiente de negócios é impulsionado por reformas regulatórias e pela expansão da infraestrutura digital. A criação e profissionalização do mercado de créditos de carbono é um exemplo claro, com potencial para gerar renda a comunidades ribeirinhas, povos indígenas e produtores rurais, ao mesmo tempo em que conecta o Pará às principais plataformas internacionais de certificação e comercialização. Do ponto de vista social, a conferência impulsiona a geração de empregos, com demanda crescente nos setores de construção civil, tecnologia, comunicação e logística antes do evento, e um mercado temporário em hotelaria e serviços durante a conferência, seguido por um efeito reputacional que alimenta o crescimento pós-COP.
Em síntese, a COP30 é uma oportunidade histórica para o Pará reposicionar sua economia, diversificar suas fontes de renda e atrair investimentos limpos, transformando a imagem internacional da Amazônia brasileira. Ao priorizar projetos de infraestrutura, fomentar o turismo e, principalmente, consolidar a bioeconomia e o mercado de carbono como pilares de sua matriz produtiva, o estado estabelece as bases para um ciclo de desenvolvimento sustentável e inclusão social que transcende a conferência, garantindo o protagonismo econômico para as próximas gerações.




