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O Brasil, maior produtor mundial de café arábica, está passando por uma significativa transformação em seu agronegócio cafeeiro, impulsionada pela necessidade de adaptação às mudanças climáticas. Com as regiões tradicionais de cultivo enfrentando secas mais intensas e temperaturas elevadas, produtores brasileiros estão migrando para o cultivo do café robusta, uma variedade mais amarga, mas que se mostra mais tolerante ao calor e resistente a doenças.
A produção de robusta no país cresceu mais de 81% nos últimos 10 anos, com uma taxa de crescimento anual de 4,8%, superando o arábica. Essa mudança não é motivada apenas pela demanda, mas principalmente pelos problemas climáticos que afetam a produção do arábica. O robusta, além de ser mais resiliente, oferece maior rentabilidade, sendo quase duas vezes mais produtivo que o arábica.
A inovação no campo também acompanha essa transição. Em regiões mais quentes, produtores estão adotando sistemas agroflorestais, plantando o robusta sob a sombra de árvores nativas para manter a umidade e mitigar o impacto das altas temperaturas. Essa técnica, além de garantir a produtividade, alinha a produção com práticas de sustentabilidade.
No cenário global, o Brasil se posiciona para desafiar a liderança do Vietnã na produção de robusta, graças à sua cadeia de suprimentos bem estruturada. A melhoria na qualidade dos grãos robusta e o aumento de seus preços no mercado internacional têm tornado a variedade ainda mais atraente para os produtores.
A guinada do Brasil para o robusta é um movimento estratégico de adaptação e inovação no agronegócio. Ao invés de sucumbir aos desafios climáticos, o país está utilizando a ciência e a tecnologia para garantir sua posição de liderança no mercado global de café. Essa transformação demonstra que a sustentabilidade e a rentabilidade podem caminhar juntas, redefinindo o futuro da cafeicultura brasileira e garantindo que o país continue sendo um player dominante, mesmo diante de um cenário climático adverso.
Texto: Lua F.
