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A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será sediada em Belém em novembro de 2025, projeta um cenário de crescimento econômico significativo para o Pará. Estimativas da Tendências Consultoria indicam que o evento pode adicionar entre 1,5 e 2 pontos percentuais ao Produto Interno Bruto (PIB) paraense no próximo ano. Este aumento substancial reflete não apenas os investimentos diretos em infraestrutura e serviços, mas também a movimentação estratégica de diversos setores da economia local, que se preparam para o encontro internacional.
Enquanto a projeção para o PIB do Brasil em 2025 é de um crescimento de 2,2%, o Pará se destaca com uma expectativa de expansão de 4%, superando as demais regiões do país. Essa performance é impulsionada diretamente pela COP30, que atrai um volume significativo de investimentos e movimenta diversos setores da economia. A Tendências Consultoria aponta que o Norte do Brasil, com o Pará à frente, deve avançar 3,5%, evidenciando o papel central do estado nesse cenário de desenvolvimento.
Os investimentos anunciados para a COP30 já atingem a marca de R$ 7 bilhões, um aumento considerável em relação às estimativas iniciais de R$ 4 bilhões. Esses recursos estão sendo direcionados para obras de infraestrutura, mobilidade urbana, saneamento, hotelaria, parques e melhorias urbanas em Belém e cidades vizinhas. A economista Camila Saito, da Tendências, ressalta que o impacto pode ser ainda maior, mas a consultoria adota um número conservador devido à falta de informações detalhadas sobre algumas obras.
A construção civil é um dos setores que mais rapidamente sentem os efeitos da preparação para a COP30. Dados do Caged revelam que, em julho de 2025, enquanto o Brasil registrou um crescimento de 3% no número de empregos formais na área, Belém apresentou um salto de quase 10%. Segundo Saito, o impacto das obras representa cerca de 40% do PIB da construção civil do Pará, o que equivale a 1 ponto percentual do PIB estadual. O restante do crescimento virá de serviços, comércio, hotelaria e transporte, demonstrando a abrangência dos benefícios.
O comércio também reflete o dinamismo econômico gerado pela COP30. Pesquisa do IBGE indica que, até julho de 2025, o volume de vendas do varejo ampliado no Pará subiu 2,1%, contrastando com uma queda de 0,2% no cenário nacional. O setor de serviços, incluindo hotelaria e transporte, também se prepara para uma demanda aquecida, com a chegada de delegações e turistas de todo o mundo.
Os benefícios da COP30 não se restringem a Belém. Cidades vizinhas e até estados amazônicos devem ser impactados, especialmente no setor de turismo. Lúcia Cristina Lisboa, assessora econômica da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Pará (Fecomercio-PA), destaca que o evento trará maior visibilidade para toda a Amazônia, abrindo portas para futuras oportunidades de negócios. A COP30 será uma vitrine para o Pará mostrar seus avanços em energia limpa, ecoturismo, bioeconomia e comercialização de crédito de carbono.
Além dos efeitos imediatos na infraestrutura e na geração de empregos, a COP30 deixará um legado de preparação de mão de obra qualificada para atender às demandas do turismo e das delegações internacionais. A movimentação econômica pré-evento já atrai outros eventos para Belém, ampliando o impacto positivo. A Fecomercio-PA tem incentivado práticas de preços justos, buscando equilibrar a demanda com a oferta e evitar abusos, especialmente no setor de hospedagem.
No setor industrial, o Pará já apresentava uma trajetória de crescimento antes da COP30, com um avanço médio anual de 2,99% nos últimos dez anos, impulsionado principalmente pelo setor extrativo. Alex Carvalho, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa), enfatiza que a COP30 acelera esse processo. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) projeta a criação de mais de 12 mil empregos formais na indústria paraense até 2028, com a necessidade de qualificação de 286 mil profissionais em áreas como logística, transporte, energia solar e gestão de resíduos.
Apesar do otimismo, especialistas alertam para desafios, como o aumento abusivo de preços, especialmente na hospedagem. Camila Saito adverte que a restrição de oferta pode reduzir o número de participantes, diminuindo o impacto esperado. No entanto, a Fecomercio-PA defende que a demanda seja aproveitada com planejamento e regras claras.
As projeções de longo prazo da Tendências Consultoria indicam que os efeitos da COP30 se estenderão para além de 2025. Em 2026, o PIB do Pará deve crescer 3,1%, impulsionado pela mineração, mas ainda com reflexos positivos no turismo e serviços. Para o Norte, a expectativa é de um crescimento médio de 2,7% ao ano entre 2027 e 2034, superando a média nacional.
Para as lideranças empresariais e econômicas do Pará, a COP30 representa uma oportunidade histórica de transformação. Lúcia Cristina Lisboa resume o sentimento: "Com a visibilidade mundial, mostramos que o Pará já vem mudando seu padrão de produção para algo mais sustentável. Esse é o legado que queremos deixar". Alex Carvalho complementa, afirmando que a COP30 reforça o potencial do Pará como polo de desenvolvimento sustentável na Amazônia .
Fonte: ParaWebNews; Texto: Lua F.