Trending

Safra do Açaí: queda nos preços promete impulsionar economia local de Belém

Reprodução

A aproximação do período de safra do açaí, prevista para os próximos meses, traz perspectivas promissoras para a economia de Belém. A esperada redução no preço do litro do fruto, conhecido como "ouro roxo" da Amazônia, deve desencadear um efeito multiplicador positivo que beneficiará toda a cadeia produtiva e o comércio local. A diminuição sazonal do preço do açaí durante o período de safra, que tradicionalmente ocorre entre julho e dezembro, representa mais do que uma simples flutuação de mercado. 

Para os comerciantes locais, especialmente os "batedores" e pontos de venda, a redução no custo de aquisição da matéria-prima possibilita um aumento significativo nas margens de lucro ou, alternativamente, a prática de preços mais competitivos que estimulam o consumo. aDados do setor indicam que o Pará, líder nacional na produção e exportação de açaí, movimentou mais de 60 mil toneladas do fruto em 2024 para mercados internacionais como Estados Unidos e Japão. Este volume expressivo demonstra o potencial econômico do produto, que deve se expandir ainda mais com a entrada da safra e consequente redução de preços.

Para os comerciantes, a safra representa um período estratégico de capitalização. Com custos reduzidos de aquisição, os estabelecimentos podem:

1. Aumentar o volume de vendas, aproveitando a maior acessibilidade do produto;

2. Diversificar a oferta, incorporando novas combinações e apresentações do açaí;

3. Investir em melhorias de infraestrutura e expansão dos negócios;

4. Formar estoques estratégicos (no caso da polpa congelada) para períodos de entressafra.

"A safra é o momento em que conseguimos respirar financeiramente e planejar o futuro do negócio", explica Maria Santos, proprietária de uma tradicional casa de açaí no bairro do Jurunas, em Belém. "Com o preço mais baixo, podemos manter nossas margens mesmo reduzindo o valor para o consumidor final, o que aumenta significativamente o movimento na loja."

A redução no preço do litro do açaí durante a safra tem um impacto social relevante em Belém, onde o fruto é considerado item básico na alimentação local. Famílias ribeirinhas consomem em média 8 litros de açaí por dia, considerando um núcleo familiar de 5 pessoas, segundo dados citados em matéria da CNN Brasil.

Com preços mais acessíveis, o consumo tende a se intensificar não apenas entre os paraenses, mas também entre turistas e visitantes, que podem experimentar o produto em sua forma mais autêntica e a valores mais atrativos. Este aumento no consumo gera um efeito cascata positivo em toda a economia local, desde restaurantes e lanchonetes até o comércio de produtos complementares como farinha de tapioca, camarão e peixe frito, tradicionalmente consumidos com o açaí. "A safra deste ano será estratégica para o setor. Com preços mais baixos, poderemos investir em melhorias no atendimento, capacitação de pessoal e adaptações para receber o público internacional da COP30", afirma João Ribeiro, presidente da Associação dos Comerciantes de Açaí de Belém.

A visibilidade internacional que o açaí ganhará durante a conferência climática pode, ainda, abrir novas portas para exportação e parcerias comerciais. O fruto, já reconhecido por suas propriedades nutricionais e por seu papel na bioeconomia amazônica, tem potencial para se tornar um embaixador dos produtos sustentáveis da região. A redução sazonal no preço do açaí ilustra como ciclos naturais podem se alinhar a ciclos econômicos virtuosos. Durante a safra, o aumento da oferta não apenas reduz preços, mas também diminui a pressão sobre áreas de extração, permitindo uma exploração mais sustentável do recurso.

Para Belém e para o Pará, a safra do açaí representa muito mais que um período de abundância do fruto. É um momento de fortalecimento econômico, de planejamento estratégico para os negócios locais e de celebração de um produto que simboliza a identidade cultural e o potencial econômico sustentável da Amazônia.

Texto: Lua F.

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem
header ads
header ads
header ads